Portaria MME 705 2016

DOU - 15 dezembro 2016

2º Leilão de Energia de Reserva de 2016 – CANCELADO

No dia 14 de Dezembro de 2016 o Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no Diário Oficial (DO) a portaria 705/2016 cancelando a realização do Leilão para Contratação de Energia de Reserva que seria realizado no dia 19 de Dezembro. Estes projetos deveriam entrar em operação em 2019.

O que isto significa e quais os impactos para energia solar?

Primeiro algumas definições:

Energia de Reserva (ER) – O conceito de ER foi introduzido pela legislação em 2004, sendo definida como: “aquela destinada a aumentar a segurança no fornecimento de energia elétrica ao Sistema Interligado Nacional – SIN”. Nestes termos, desde então, a ER tem sido contratada de modo a anular qualquer desequilíbrio entre a garantia física (GF) do sistema e a real capacidade física de suprimento do sistema, não havendo necessidade de reserva se a confiabilidade de suprimento estiver assegurada.

Leilão para Contratação de Energia de Reserva – É a contratação de ER para garantir que não haverá falta de energia devido a falhas na real capacidade física de suprimento do sistema. Ou seja a redundância para garantir o suprimento de energia. Importante mencionar que o Leilão de Energia de Reserva está associado a geração centralizada (grandes usinas) e não afeta a geração distribuída para energia solar (gerada, em geral, pelo próprio consumidor).

Usina Solar Serpa Portugal Fonte: Google

Usina Solar Serpa Portugal

 

Como é definida a necessidade de contratação de ER?

A necessidade de contratação de ER nos leilões é calculado pela Empresa de Pesquisa Energética  (EPE) de forma a recompor a adequabilidade de suprimento físico compatível com o critério de suprimento do sistema. O cálculo é feito através de metodologia que considera variáveis como a energia disponível nos próximos anos, a energia de reserva já contratada e a demanda prevista entre outras variáveis.

Porque foi adiado o 2º Leilão de Energia de Reserva?

Segundo análise técnica produzida pela EPE:  Não tem necessidade de Energia de Reserva!  Isso quer dizer que resolvemos nossos problemas de demanda energética?!  Não é bem assim…

Simplificando a análise da EPE, a reduzida necessidade de ER advém de dois fatores combinados: Forte recessão no Brasil, aliada com baixa perspectiva de crescimento. Soma-se a estes fatores a entrada da oferta de energia de reserva já contratada em leilões anteriores, resultando em um excesso de oferta para os próximos anos.

Respondendo a pergunta sobre os impactos para energia solar:

É claro que o cancelamento não é bom, pois traz incertezas para fabricantes e investidores de energia renovável no Brasil, principalmente eólica e solar. Vários investimentos foram anunciados e iniciados em função de um cenário de perspectiva de crescimento da demanda para energias renováveis. O plano de investimento das empresas fabricantes de equipamentos para energia renovável no país considera a demanda a longo prazo, porém a decisão de adiar o leilão a menos de uma semana para sua realização causa descrédito nas políticas governamentais.

Outro impacto a considerar é na geração de empregos. Segundo estimativa publicada pela ABSOLAR a perspectiva é de 20.000 novos empregos diretos e indiretos no setor solar ligados a geração centralizada nas usinas a serem construídas para atender aos Leilões de Energia de Reserva. Então, esses empregos foram “cancelados”.

E como ficam os próximos leilões?

Segundo a Nota Técnica da EPE“O volume de compra de energia dos leilões de energia nova regulares é oriundo das distribuidoras, que declaram suas necessidades de energia nova de forma a garantir a cobertura contratual de seu mercado. No caso da energia de reserva, a necessidade é estimada pelo planejador (EPE).

Em ambos os casos, a evolução da demanda de energia – que é influenciada pelo crescimento econômico – é de forte importância. No caso da demanda dos leilões regulares de energia nova, a dinâmica do portfolio de contratos das distribuidoras é fator também de influência.

A EPE continuará a avaliar as perspectivas econômicas e seus impactos nas projeções do crescimento do consumo de eletricidade. Caso a retomada econômica seja mais demorada do que o esperado, isso trará um significativo desafio para a contratação de todas as fontes, seja em leilões regulares de energia nova, onde a demanda é oriunda de declarações de distribuidoras, ou de energia de reserva, caso esta se mostre necessária.”

Portanto, o futuro de novos leilões de energia de reserva, depende claramente da retomada do crescimento econômico e do trabalho conjunto com o planejador para equacionar as necessidades de contratação de energia, considerando os leilões regulares e os leilões de energia de reserva.

Então, a energia solar é ruim?

Claro que não! O momento é de preparar para o futuro! A geração distribuída tem papel fundamental no compromisso do Brasil no combate às mudanças climáticas.

Mesmo com o cancelamento do leilão de energia de reserva o governo mantém a meta para 2030 para a participação da energia solar fotovoltaica na matriz energética brasileira.

Segundo a nota técnica da EPE,  intitulada “O Compromisso do Brasil no Combate às Mudanças Climáticas: Produção e Uso de Energia”, do total de 257 GW da capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional (SIN) previstos para 2030, 25 GW serão referentes a energia solar fotovoltaica. Em termos de capacidade instalada no SIN, a participação da energia solar será de aproximadamente 10%, sendo 17 GW em Geração Centralizada e 8 GW em Geração Distribuída.

Segundo a ANEEL por volta de 2024 teremos mais de 1.200.000 projetos de geração distribuídas proporcionando uma geração de aproximadamente 4,5 GW.

Considerando que, atualmente em 2016 temos aproximadamente 6.000 projetos de geração distribuída no Brasil e em 2024 devemos superar os 1.200.000. Acho que posso dizer que se você ainda não tem um sistema de geração distribuída fotovoltaica… é questão de tempo.
#PorUmMundoMelhorHoje

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